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PLC do Rascunho ao Software - 33

Bom agora vamos falar um pouco de alarmes que são fundamentais para qualquer sistema automatizado, imagine o seguinte cenário, você tem uma máquina com um motor, vários cilindros, sensores etc. e essa máquina está funcionando normalmente e de repente a máquina para de funcionar, bom pode até ser que você tenha mensagens informando a sequência de funcionamento, e aí vai a partir dessa informação tentar descobrir o que falhou para a sequência não estar parada, mas agora imagine que nesse passo da sequência você tem um motor, uns 2 cilindros que são acionados, qual deles falhou e o porquê? e mais, quanto tempo até você reparar que o sistema está parado? Bom aí que entram os alarmes.


Alarmes são notificações ou sinais emitidos pelos sistemas de controle, com o objetivo para de alertar operadores, pessoal de manutenção e outras partes interessadas sobre condições anormais ou perigosas dentro de um processo produtivo, eles são projetos para garantir a segurança operacional, evitar danos, minimizar desperdícios e melhorar a eficiência da produção. Alarmes podem ser visuais ou sonoros e são gerenciados por sistemas de controle, como CLP (Controladores Lógicos Programáveis), SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition) ou DCS (Distributed Control System).


É importante saber gerenciar alarmes, para que eles possam chamar a atenção de operadores conforme sua urgência, então é importante classificar seus alarmes, entender o seu ciclo de vida e ter estratégias para tal, no geral esse tipo de gerenciamento feito pela empresa que vai operar o equipamento, linha, entretanto é muito comum empresas não terem esse tipo de gerenciamento, assim não adicionando aos cadernos de encargos na hora da compra de uma máquina ou linha de produção, os requisitos e a informação para empresa fornecedora, na prática para máquinas e linhas de produção discreta, fica a cargo da empresa fornecedora e que tem expertise no equipamento que está fornecendo, gerar esse gerenciamento, criando alarmes, classificando e identificando seu ciclo de vida, para sistemas de produção de processos líquidos, por exemplo no geral as empresas são muito mais organizadas (logicamente sempre existem exceções) e esse tipo de informação e requisito já está atrelado ao caderno de encargos.


Bom e como fazer para gerenciar alarmes, para tal existe uma norma da ISA (International Society of Automation) a ISA 18.2 - "Management of Alarm System for the Process Industries", essa norma é focada nas indústrias de processo, que possuem uma necessidade mais complexa para alarmes em seus sistemas, para sistemas discretos existe um Technical Report (Relatório Técnico), dessa norma o ISA-TR18.2.6 de 2012, que ajuda a guiar o gerenciamento de alarmes para sistemas discretos.


Vamos então a uma visão geral da norma ISA18.2 - "Management of Alarm System for the Process Industries", já que essa é norma que vai direcionar a TR.


A ISA 18.2 tem como objetivo fornecer um framework, ou seja, um modelo para o ciclo de vida de gerenciamento dos alarmes, para sistemas controlados por controladores e computadores, com interface homem máquina (IHM), para melhorar a segurança das operações, reduzir o número de alarmes (alarmes em excesso é um problema pois causa confusão), e otimizar a resposta dos operadores e mantenedores.



Principais conceitos:


Alarme: um aviso audível e/ou visual que alerta o operador sobre uma anomalia do processo e que requer uma ação, um alarme precisa ser priorizado para evitar sobrecarga.


Estados de Alarme.


Os estados de alarme definem a condição atual de um alarme no sistema de controle (DCS/SCADA). A ISA 18.2 padroniza esses estados para garantir clareza na identificação e resposta. Abaixo, os principais estados com exemplos práticos:


Estados Principais de Alarmes

Estado

Descrição

Exemplo

Ação Requerida

Normal

Condição operacional dentro dos limites. Alarme inativo.

PT-101 em 10 bar (setpoint de alarme: 15 bar).

Nenhuma.

Ativo (Active)

Variável ultrapassou o setpoint. Alarme não reconhecido.

TT-201 atinge 152°C (setpoint: 150°C).

Operador deve reconhecer e agir.

Reconhecido (Acknowledged)

Alarme ativo foi visto pelo operador, mas não resolvido.

Operador pressiona botão "Acknowledge" no DCS para PT-101_HIGH.

Monitorar ou iniciar ação corretiva.

Retornado (Returned to Normal)

Variável voltou ao limite normal, mas alarme não foi reconhecido.

LT-301 cai para 12% (setpoint LOW: 10%), depois sobe para 15%.

Verificar se houve ação necessária.

Inibido (Suppressed)

Alarme desativado temporariamente por razões pré-aprovadas.

VALVE-401_ALARM inibido durante manutenção (com registro no sistema).

Nenhuma até o fim da inibição.

Shelved (Armazenado)

Alarme ocultado temporariamente pelo operador (sem desativar).

PUMP-501_VIBRATION shelved por 2h para análise.

Revisar antes do prazo expirar.

Detalhes Técnicos


1. Diferença entre "Inibido" e "Shelved"

  • Inibido:

    • Configurado por engenharia (ex.: durante manutenção programada).

    • Requer documentação formal (etapa 10 do ciclo de vida).

  • Shelved:

    • Ação do operador para reduzir ruído momentâneo.

    • Prazos curtos (ex.: 1 turno) e limite máximo (ISA 18.2 recomenda ≤5% dos alarmes).

2. Estados Críticos para Monitorar (KPIs)

  • Alarmes Ativos Não Reconhecidos >8h ("stale alarms"): Indicam falha no sistema ou operação.

  • Alarmes Shelved >24h: Risco de problemas mascarados.


A norma inclusive traz um diagrama de transição de estados para os alarmes



Diagrama de transição de estados de alarmes - ISA18.2
Diagrama de transição de estados de alarmes - ISA18.2

Sistema de Alarmes


É um conjunto integrado de hardware, software e procedimentos projetado para detectar, notificar e guiar respostas a condições anormais ou potencialmente perigosas em processos industriais. Sua função primária é alertar os operadores sobre desvios que exigem ação, garantindo segurança, eficiência e conformidade com normas.


Componentes Essenciais:

  1. Sensores e Instrumentação

    • Medem variáveis do processo (ex.: pressão, temperatura, vazão).

  2. Controlador Lógico (PLC/DCS/SCADA)

    • Compara valores lidos com setpoints pré-definidos e dispara alarmes.

  3. Interface Homem-Máquina (IHM)

    • Exibe alarmes de forma clara (visual/auditiva) e priorizada.

  4. Sistema de Registro (Logging)

    • Armazena históricos para análise e auditoria.

  5. Procedimentos Operacionais

    • Define ações para cada tipo de alarme


Ciclo de vida de Gerenciamento de Alarmes:


Ciclo de Vida Gerenciamento de Alarmes ISA 18.2
Ciclo de Vida Gerenciamento de Alarmes ISA 18.2
  1. Filosofia de Alarmes (Alarm Philosophy)

    • Documento que estabelece políticas e procedimentos para o sistema de alarmes.

  2. Identificação (Identification)

    • Determinar quais variáveis do processo devem gerar alarmes.

  3. Classificação (Rationalization)

    • Justificar cada alarme com base em critérios de necessidade, prioridade e resposta.

  4. Projeto Detalhado (Detailed Design)

    • Projeto detalhado dos aspectos do alarme que atendem aos requisitos determinados na classificação dos alarmes e na filosofia, irá incluir decisões de representação na IHM (Interface Homem Máquina).

  5. Implementação (Implementation)

    • Instalação, configuração e teste dos alarmes, que envolve tarefas de comissionamento, testes e treinamento, ao final da implantação o alarme é trazido a vida para o sistema.

  6. Operação (Operation)

    • O alarme nessa fase está funcional, o que significa que existe monitoramento e resposta adequada aos alarmes, por parte dos operadores e mantenedores e treinamentos de reciclagem podem ser necessários.

  7. Manutenção (Maintenance)

    • O Alarme não está funcional, para atividades de testes, revisão periódica, ajustes e correções/reparos. Manutenção periódica é necessária para garantir que os alarmes funcionem como projetados, por exemplo testes e calibrações dos instrumentos, ou mudanças no processo, podem exigir manutenção nos alarmes, assim ele não está somente atrelado ao departamento de manutenção.

  8. Monitoramento e Avaliação (Monitoring & Assessment)

    • Métricas para avaliar desempenho (ex.: taxa de alarmes por operador). O Monitoramento contínuo e avaliado conforme os objetivos da filosofia de alarme garantem a performance do sistema de alarmes.

  9. Gestão de Mudanças (Management of Change)

    • Processo formal para modificar ou adicionar alarmes, conforme necessidade de alterações no processo, equipamentos ou nos objetivos da filosofia de alarmes, dados gerados no monitoramento e auditoria, podem causar mudanças também na própria filosofia do alarme para tal deve existir uma gestão dessas mudanças, que incluem não só a documentação.

  10. Auditoria (Audit)

    • Auditorias periódicas são conduzidas para manter a integridade do sistema de alarmes e o seu processo de gerenciamento.


Abaixo temos a tabela que mostra as entrada e saídas de cada estágio do ciclo de vida do gerenciamento de alarme.


Fonte: ISA18.2 - "Management of Alarm System for the Process Industries" - 2016  - (Clause numbers são referências dentro capítulos internos da norma).
Fonte: ISA18.2 - "Management of Alarm System for the Process Industries" - 2016 - (Clause numbers são referências dentro capítulos internos da norma).

Métricas - Chave (KPIs para Alarmes)


Taxa média de alarmes por operador (Average alarm rate per operator console)


É um bom indicador para a saúde em geral do sistema de alarme.

  • Recomendados: ~6 alarms /hora (média - 1 alarme / 10 minutos)

  • Máximo gerenciável: ~12 alarmes/hora (média - 2 alarmes/ 10 minutos)


Pico de Alarmes (Peak alarm rate per operator console)


Deve ser monitorado juntamente com a taxa média de alarmes

São contados em intervalos regulares de 10 minutos, é recomendável analisar dados correspondentes a 1 mês. Recomendando que tenha uma porcentagem menor de 1%, de intervalos de 10 minutos com 10 ou mais alarmes.

Inundação de Alarmes (Alarms flood)


Ocorre quando um operador é sobrecarregado por um número excessivo de alarmes em um curto período, comprometendo sua capacidade de resposta.


A identificação de uma inundação de alarmes por uma alta taxa de alarmes, e o final dessa inundação é dada quando as taxas de alarmes retornam a níveis aceitáveis.

As inundações de alarmes, devem ser de curta duração e baixas no total de contagem de alarme. Recomendado ocorrer em menos de 1% do tempo.


Alarmes Frequentes Ocorrentes (Frequently Occurring Alarms)


Alarmes frequentemente ocorrentes são aqueles que se repetem excessivamente em um curto período, gerando carga desnecessária no sistema e fadiga nos operadores



Alarmes repetitivos (chattering)


São aqueles que disparam e resetam repetidamente em um curto intervalo de tempo, muitas vezes devido a flutuações transitórias no processo, configuração inadequada ou falhas de instrumentação. Eles geram sobrecarga desnecessária no operador e reduzem a confiabilidade do sistema de alarmes.


Alarmes não reconhecidos (stale alarms)


São aqueles que permanecem ativos por um período excessivamente longo sem serem reconhecidos ou tratados pelo operador. Eles indicam falhas no sistema de alarmes, como priorização inadequada, sobrecarga do operador ou falta de clareza na resposta requerida.


Distribuição de Prioridade (Annunciated alarm priority distribution)


Refere-se à proporção de alarmes classificados em diferentes níveis de prioridade (alta, média, baixa) em um sistema de alarmes, garantindo que a quantidade de alarmes críticos seja limitada e gerenciável para evitar sobrecarga do operador. Abaixo uma tabela para orientação sobre essa métrica


Fonte: ISA18.2 - "Management of Alarm System for the Process Industries" - 2016
Fonte: ISA18.2 - "Management of Alarm System for the Process Industries" - 2016

Distribuição de prioridade de alarmes racionalizados (Rationalized alarm priority distribution)


A distribuição de prioridade de alarmes racionalizados é a classificação estruturada dos alarmes em níveis de prioridade (alta, média, baixa) com base em uma avaliação sistemática de impacto operacional, urgência e risco, garantindo que o sistema priorize apenas os alarmes essenciais para a segurança e eficiência do processo. Essa distribuição é resultado da etapa de racionalização e visa evitar sobrecarga do operador.


Supressão Não Autorizada de Alarmes (Unauthorized Alarm Suppression)


A supressão não autorizada de alarmes ocorre quando um alarme é desativado, inibido ou ignorado sem seguir os procedimentos formais de gestão de mudanças (Management of Change - MOC). Essa prática viola os princípios da ISA 18.2 e pode comprometer a segurança e a confiabilidade do processo


Monitoramento de Atributos de Alarme (Alarm Attribute Monitoring)


É um processo sistemático para rastrear, medir e analisar as características essenciais de cada alarme em um sistema de controle industrial, garantindo conformidade com a ISA 18.2 e eficácia operacional.


Relatório de Análises do Sistema de Alarmes (Reporting of Alarm System Analyses)


É um documento estruturado que sintetiza os resultados de auditorias, métricas de desempenho e ações corretivas relacionadas ao gerenciamento de alarmes. Esses relatórios são essenciais para melhoria contínua, conformidade regulatória e tomada de decisão.


O Resumo das métricas pode ser encontrado na tabela abaixo retirada da norma.

Fonte: ISA18.2 - "Management of Alarm System for the Process Industries" - 2016 - Tabela de Recomendação para métrica
Fonte: ISA18.2 - "Management of Alarm System for the Process Industries" - 2016 - Tabela de Recomendação para métrica

Bom vamos falar um pouco sobre a identificação dos alarmes, nosso item 2 do ciclo de vida do gerenciamento de alarmes:


A identificação de alarmes, é o processo de mapear todas as variáveis de processo que justificam a existência de um alarme, garantindo que cada um seja necessário, único e acionável.


Objetivos da Identificação


  1. Listar variáveis críticas que exigem monitoramento.

  2. Evitar alarmes redundantes ou desnecessários.

  3. Garantir que cada alarme tenha uma ação clara associada.


Fontes de Dados para Identificação

Fonte

Exemplo

Diagramas de Processo (P&IDs)

Alarmes de nível em tanques de armazenamento (ex.: LT-101_HIGH).

Análises de Risco (HAZOP/LOPA)

Alarmes de pressão alta em reatores para evitar ruptura (PT-201_HH).

Requisitos Regulatórios

Alarmes de emissão de gases tóxicos (ex.: GAS-301_ALARM).

Feedback dos Operadores

Alarmes de vibração em bombas críticas (VB-501_ALARM).


Critérios para Identificação (ISA 18.2)

Cada alarme deve passar pelo Teste dos 3 Qs:

  1. Quem vai responder?

    • Ex.: Operador da sala de controle ou técnico de campo.

  2. Qual ação será tomada?

    • Ex.: Parar bomba, ajustar válvula, evacuar área.

  3. Quando o alarme é acionado?

    • Ex.: Pressão > 10 bar, temperatura < 50°C.


Exemplos Práticos de Identificação


Exemplo 1: Alarme de Nível em Tanque

  • Variável: LT-101 (Nível do Tanque T-101).

  • Justificativa: Evitar transbordamento ou secagem.

  • Alarmes Identificados:

    • LT-101_HIGH (Nível alto: 90% → Fechar válvula de entrada).

    • LT-101_LOW (Nível baixo: 10% → Parar bomba de saída).


Exemplo 2: Alarme de Pressão em Reator

  • Variável: PT-201 (Pressão no Reator R-201).

  • Justificativa: Prevenir explosão.

  • Alarmes Identificados:

    • PT-201_HH (Pressão muito alta: 15 bar → Desligar reator).

    • PT-201_HIGH (Pressão alta: 12 bar → Aumentar resfriamento).


Exemplo 3: Alarme de Temperatura em Forno

  • Variável: TT-301 (Temperatura no Forno F-301).

  • Justificativa: Evitar danos ao material.

  • Alarmes Identificados:

    • TT-301_HIGH (Temperatura alta: 400°C → Reduzir combustível).

    • TT-301_LOW (Temperatura baixa: 300°C → Aumentar combustível).


Alarmes que NÃO Devem Ser Identificados

  1. Alarmes sem ação associada:

    • Ex.: MOTOR-ON (motor ligado – apenas informativo).

  2. Alarmes redundantes:

    • Ex.: Duas tags para a mesma pressão (PT-101_HIGH e PT-101A_HIGH).

  3. Alarmes por falha de instrumentação:

    • Ex.: FI-201_FAULT (deve ser um evento, não um alarme).


Ferramentas para Identificação

  • Checklists baseados em P&IDs.

  • Softwares:

    • Para extrair tags de diagramas.

    • Softwares de gerenciamento de Assets para vincular alarmes a equipamentos.


Saída da Etapa de Identificação


Um registro documentado com:

Tag

Descrição

Variável

Justificativa

Ação Requerida

LT-101_HIGH

Nível alto no T-101

LT-101

Evitar transbordamento

Fechar válvula V-101

PT-201_HH

Pressão crítica no R-201

PT-201

Prevenir explosão

Desligar reator


Agora que foram identificados os alarmes podem ser classificados


A classificação de alarmes é o coração da Rationalization (Etapa 3 do ciclo de vida ISA 18.2), onde cada alarme é categorizado com base em prioridade, classe e tipo para garantir que o sistema seja eficiente, seguro e acionável.


Prioridade: Definindo a Urgência da Resposta


A prioridade determina quão rápido um alarme deve ser atendido, com base no impacto potencial. A ISA 18.2 recomenda três níveis:


Critérios e Exemplos

Prioridade

Impacto

Tempo de Resposta

Exemplos Reais

Alta

Risco imediato à segurança, ambiente ou parada catastrófica

Minutos

- PT-101_HH: Pressão > 20 bar (risco de explosão).


- GAS-301_ALARM: Vazamento de H₂S (tóxico).

Média

Impacto na produção, qualidade ou equipamentos

Horas

- TT-201_HIGH: Temperatura > 150°C (danifica catalisador).


- FL-401_LOW: Vazão < 10 m³/h (parada parcial).

Baixa

Manutenção preventiva ou eventos informativos

Dias

- PUMP-501_VIBRATION: Vibração excessiva (manutenção programada).


- VALVE-601_MANUAL: Válvula em modo manual (sem impacto imediato).


Como definir?

  • Use uma matriz de risco (gravidade vs. probabilidade):


Gravidade Alta + Probabilidade Alta = Prioridade Alta

Gravidade Média + Probabilidade Baixa = Prioridade Média


Classe: Quem Deve Responder ao Alarme?


A classe define quem é o responsável pela ação e como o alarme é tratado. A ISA 18.2 não padroniza classes


Classes Comuns e Exemplos

Classe

Responsável

Exemplos

Interface

Classe A

Operador de campo

- LT-301_LOW: Nível baixo no tanque (acionar bomba).


- VB-401_ALARM: Vibração em bomba (inspeção visual).

Painel local ou rádio.

Classe B

Operador de controle

- PT-201_HIGH: Pressão no reator (ajustar válvula via DCS).


- TT-501_HH: Temperatura crítica (desligar forno).

Tela do DCS/SCADA.

Classe C

Engenharia/Manutenção

- SENSOR-101_FAIL: Falha em sensor (calibrar).


- MOTOR-201_OVERLOAD: Sobrecarga elétrica (revisão).

Sistema de gestão de ativos.

Regra de Ouro:

  • Alarmes de Classe A/B exigem ação imediata.

  • Alarmes de Classe C podem ter respostas programadas.


Tipo: Natureza do Alarme


O tipo categoriza o alarme pela sua finalidade operacional. A ISA 18.2 sugere:


Tipos e Exemplos

Tipo

Descrição

Exemplos

Ação Típica

Segurança

Risco à vida, ambiente ou ativo.

- FIRE-101_ALARM: Incêndio no compressor.


- GAS-302_LEAK: Vazamento de CO₂.

Evacuar área, desligar equipamento.

Operacional

Impacta eficiência ou qualidade do processo.

- FT-101_LOW: Vazão abaixo do mínimo.


- PH-201_HIGH: pH fora do especificado.

Ajustar parâmetros no DCS.

Diagnóstico

Indica falhas em instrumentos ou equipamentos.

- TI-301_FAIL: Sensor de temperatura com defeito.


- PUMP-401_OFFLINE: Bomba não comunicando.

Manutenção corretiva.

Informativo

Dados para registro (sem ação imediata).

- VALVE-101_OPEN: Válvula aberta.


- MODE-AUTO_ACTIVE: Sistema em automático.

Nenhuma (apenas registro).

Importante:

  • Alarmes informativos não devem competir com alarmes críticos (podem ser convertidos em "eventos"), ou apenas mensagens ou indicadores de status.


Integrando Prioridade, Classe e Tipo


Exemplo Prático: Alarme PT-301_HH (Pressão muito alta no separador):

  • Prioridade: Alta (risco de explosão).

  • Classe: B (operador de controle age via IHM).

  • Tipo: Segurança (requer ação imediata).


Documentação:

Tag

Descrição

Prioridade

Classe

Tipo

Ação

PT-301_HH

Pressão crítica > 25 bar

Alta

B

Segurança

Desligar compressor e ventilar.

Ferramentas para Classificação

  • Matriz de Risco ISA 18.2 (para prioridades).

  • Softwares de classificação automática de alarmes

  • Planilhas de Rationalization (modelo no Anexo B da ISA 18.2).


Check List de Validação

  • Todos os alarmes têm prioridade justificada por risco?

  • As classes refletem os responsáveis corretos?

  • Os tipos estão alinhados com a filosofia de alarmes?


Design de Alarme


É a etapa onde se definem os parâmetros técnicos e a lógica de atuação de cada alarme, garantindo que ele seja eficaz, acionável e livre de ruídos. Abaixo, os elementos essenciais do design, com exemplos práticos:


Componentes do Design de Alarmes


Parâmetros Técnicos


Setpoints

  • Como definir:

    • Baseado em HAZOP/LOPA (ex.: pressão máxima segura do vasão = 90% do limite de projeto).

    • Evitar margens muito estreitas (ex.: não usar 100% do limite teórico).

  • Exemplo:

    • PT-101_HH: 28 bar (limite de projeto = 30 bar).

Deadbands (Histerese)

  • Cálculo recomendado:


    Deadband ≥ 2x o ruído típico do instrumento

  • Exemplos:

Variável

Ruído Típico

Deadband Aplicado

Pressão (bar)

±0.2 bar

±0.5 bar

Temperatura (°C)

±0.3°C

±1.0°C

Delay Timers

Regras:

  • Para variáveis rápidas (vazão): 2-5 segundos.

  • Para variáveis lentas (nível): 30-60 segundos.

Exemplo:

  • FT-101_HIGH (vazão): 3 segundos.

  • LT-301_LOW (nível): 45 segundos.

Alarmes Dinâmicos

  • O que é: Alarmes que mudam setpoints conforme o estado do processo.

  • Exemplo:

    • Durante partida: TT-201_HIGH = 120°C.

    • Operação normal: TT-201_HIGH = 150°C.


Alarmes com Lógica "AND"/"OR"

  • Aplicações:

    • AND: Evitar alarmes falsos (ex.: PT-101_HIGH SÓ ativa se VLV-101 estiver aberta).

    • OR: Detecção redundante (ex.: TEMP_HIGH ativa se TT-201 OU TT-202 ultrapassarem limite).


Supressão Condicional

  • Casos de uso:

    • Inibir alarmes durante modo manual ou manutenção.

Parâmetro

Definição

Exemplo

Regra ISA 18.2

Setpoint

Valor que ativa o alarme.

PT-101_HIGH: 10 bar

Deve ser baseado em limites operacionais seguros.

Deadband

Histerese para evitar oscilações.

±0.5 bar em PT-101_HIGH

Evitar "alarmes saltitantes" (chattering).

Delay Timer

Tempo mínimo para confirmação do alarme.

30 segundos para TT-201_HIGH

Filtrar perturbações transitórias.

Prioridade

Nível de urgência (Alta/Média/Baixa).

GAS-LEAK: Alta

Máx. 10% de alarmes de alta prioridade.

Tipos de Alarmes por Função

Tipo

Objetivo

Exemplo

Boas Práticas

Limite

Monitorar variáveis contínuas.

LT-101_HIGH (nível do tanque)

Usar deadband ≥ 1% do range.

Taxa de Mudança

Detectar variações abruptas.

RT-301_RATE (temperatura subindo rápido)

Delay timer ≥ 2x o tempo de resposta do processo.

Estado

Indicar falhas em equipamentos.

PUMP-501_FAIL

Evitar alarmes redundantes (ex.: não usar "Motor Ligado").

Regras de Design

  • Teste dos 3 Qs:

    1. Quem vai responder? (Operador, manutenção)

    2. Qual ação será tomada? (Parar bomba, ajustar válvula)

    3. Quando o alarme deve disparar? (Setpoint baseado em HAZOP).

  • Evitar:

    • Alarmes redundantes (ex.: PT-101_HIGH e PT-101_HH para a mesma variável).

    • Alarmes sem ação associada (ex.: "Sistema em Modo Automático")



Melhores Práticas Para os Alarmes


  • Evitar alarmes desnecessários (ex.: alarmes em modo de manutenção).

  • Usar filtros e delays para evitar alarmes transitórios.

  • Implementar sistemas de supressão (ex.: alarmes inibidos durante partida/parada).

  • Treinar operadores para respostas eficientes.


Nesse artigo tentei explicar um pouco da norma ISA18.2 -Management of Alarm Systems

for the Process Industries, e dela que nasce a TR que vai estar mais alinhada à nossa aplicação de exemplo que é o magazine de paletes, então é fundamental ter um entendimento dela.


Bibliografia:

ISA 18.2 Management of Alarm Systems for the Process Industries - Seja membro ISA e tenha acesso online a norma

Understanding and Applying the ANSI/ ISA 18.2 Alarm Management Standard - https://www.isa.org/getmedia/55b4210e-6cb2-4de4-89f8-2b5b6b46d954/PAS-Understanding-ISA-18-2.pdf

Alarm Management and ISA-18 – A Journey, Not a Destination - https://www.exida.com/articles/ALARM-MANAGEMENT-AND-ISA-18-A-JOURNEY-NOT-A-DESTINATION.pdf



Até o próximo artigo,


 
 
 

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